segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Entremuralhas 2013 @ Leiria, Portugal

23 de Agosto - Teatro José Lúcio da Silva
Deine Lakaien: não estive presente.

24 de Agosto - Castelo de Leiria
Der Blaue Reiter: não assisti ao concerto todo; ouvido/visto da Torre da Menagem, a percussão militarista estava mais audível do que o restante instrumental neo-clássico.
Lebanon Hanover: um revival de Joy Division, mas em pior; sou fã de post-punk, mas este duo ainda não me convenceu; como em estúdio, em concerto também não se percebe nada do que cantam.
TriORE: a união neo-clássica militarista de Triarii com o neo-folk sexual de Ordo Rosarius Equilibrio numa rara aparição ao vivo; apresentação de dois temas novos; consistência extraordinária.
Spiritual Front: o melhor concerto deste dia/noite 24; setlist bem escolhida a saltar principalmente entre "Armageddon Giggolò" e "Open Wounds"; músicos em forma; Simone "Hellvis" Salvatore extremamente simpático (em cima e fora do palco); os temas "Slave" e "Bastard Angel" a acabar em grande explosão.
Merciful Nuns: mais do mesmo dos tempos de The Garden Of Delight; 7 álbuns em 2 anos é muita fruta para acompanhar uma banda; execução irrepreensível dos temas; Artaud Seth ainda deu uma queda num estrado, mas mal se notou.
Nachtmahr: mistura temática entre militarismo e sexualidade transmitida através de uma palete electrónica bem agressiva; Thomas Rainer sempre polémico; primeiro tema não arrancou em condições devido a uma qualquer má ligação num dos computadores dos músicos (barracada total); computadores sim, mas teclados também.

25 de Agosto - Castelo de Leiria
Roma Amor: dark cabaret cheio de romantismo, fantasia e tragédia; simpatia evidente; ruído que saía do microfone que chateou durante todo o concerto; cover muito boa, em inglês, do tema "Dans le Port d'Amsterdam", de Jacques Brel.
Die Selektion: post-punk com electrónica minimalista bem acompanhado por um original trompete; trio a ter em conta no panorama, mas gosto mais quando o tipo não canta.
Naevus: imagine-se Sol Invictus e/ou Of The Wand And The Moon com distorção e aí temos Naevus; concerto a começar com energia com a "Idiots (Let Me In)" lá pelo início, um meio muito sonolento, mas que até deu para voltar a acordar de novo na parte final com boas e enérgicas músicas.
Qntal: temática medieval misturada com vozes operáticas e instrumentais electrónicos; agarraram desde o início uma plateia que acolheu e pediu mais; cumpriram muito bem.
Soror Dolorosa: a banda que eu queria (re)ver devido ao muitíssimo bom álbum "No More Heroes"; Andy Julia sempre enérgico; bons músicos - nota mais para o baterista; boa setlist, mas com um encore longo e monótono com músicas muito antigas; problemas alheios à banda com o microfone em dois temas.
Kap Bambino: energia e, possivelmente, muita drogaria; música electrónica com muita muita patada; na onda de Crystal Castles, mas com maior definição sonora ao vivo; não percebi se o "DJ" Orion Bouvier estava lá só para carregar pause-play ou se estava mesmo a fazer coisas; os berrinhos agudos da Caroline Martial no final de cada verso começam a irritar passado um bocado (em estúdio não insiste tanto nessa linha - ufa!).

p.s. 1: o estereótipo do fotógrafo que só fotografa os/as gó-gós está a acabar e os menos espampanantes começam também a ser alvo das objectivas.
p.s. 2: os cabeças de cartaz podem actuar num local e palco maiores, mas a emoção continua a sentir-se mais nas ruínas da Igreja da Pena.
p.s. 3: aquele porco no espeto continua um must!
p.s. 4: é sempre bom voltar a Leiria por esta altura, mas cada centímetro de estacionamento é para pagar, salvo alguns locais mais recônditos que os taxistas safam.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Varg Vikernes, o eterno perseguido por culpa própria

O mundo da música - mesmo que de uma forma paralela visto que o acontecimento não tem propriamente a ver com música, mas com um intérprete - foi hoje tomado de assalto com a notícia de que Varg Vikernes (Burzum) foi detido em França, onde actualmente reside. Porquê? Segundo as notícias, possuía uma cópia do manifesto de Breivik e a sua mulher parece ter adquirido quatro espingardas (alegadamente pertence a um clube de tiro). As autoridades suspeitam que Varg estaria a planear um massacre.

Não vou aqui dissecar a história de Varg e Burzum, pois isso já está mais que dissecado, até mesmo na primeira pessoa. Varg aprendeu, à custa dos seus erros de adolescente, que para se exprimir mais vale ser por si próprio e sempre avisou que se queremos saber algo sobre ele, então que pesquisemos pelos seus próprios textos.

Todos conhecemos a sua faceta anti-semita e a sua veia nacionalista. Tudo o que há de mal neste mundo é por culpa dos judeus, diz ele. Segundo Varg, sem uma comunidade judaico-cristã não haveria Marxismo, empréstimo de dinheiro ou até hippies - vá-se lá saber o que vai naquela cabeça. Dá poucas entrevistas, mas também já nem leio essas poucas, porque passa mais tempo a falar das suas ideologias políticas e biológicas do que da sua música. Confesso, no entanto, que leio assiduamente os seus ensaios e textos sobre Paganismo (mais uma daquelas coisas que foi destruída pelo nazismo - hoje em dia mal posso usar um eihwaz ou uma cruz celta sem que me digam "isso é nazi").

Onde eu quero chegar é que, apesar de não partilhar dos seus ideais políticos, devemos chamar os bois pelos nomes - uma coisa que os media insistem em não fazer. A notícia que surgiu hoje trata Varg Vikernes como neo-nazi. A sério? Será que os ditos jornalistas nem se dignam a fazer o trabalho de casa? Foi tratado como satânico quando foi preso em meados dos anos 90 e de seguida como nazi por ser contra a globalização e contra as religiões extra-Europa. Eu acho que ele ainda vai acabar como budista.

A segunda parte das notícias que correram ainda me irritou mais! Para além das armas da sua mulher, parece que o rastilho foi accionado devido a uma cópia do manifesto de Breivik. Ora, espingardas e Breivik num só é propenso a massacres? Mais uma vez, os jornalistas não fizeram o trabalho de casa. Varg Vikernes desancou mais do que uma vez o acto hediondo levado a cabo pelo seu compatriota. Custava muito trabalhar um bocadinho e não cair na asneira de juntar neo-nazi e Breivik na mesma notícia?

Breivik é cristão, Varg (apesar de o seu nome original ser Kristian) não é. Breivik tinha afiliações a movimentos, Varg não tem.
E qual é a novidade de Vikernes ter uma cópia do manifesto de Breivik? Senhores jornalistas, Varg Vikernes escreveu um texto sobre isso mesmo precisamente há dois anos atrás! Ei, eu sou filiado num partido de Esquerda e, no entanto, tenho vários livros sobre Hitler, III Reich e II Guerra Mundial - acho que isso só faz de mim uma pessoa culta.

E fala-se em massacre? Vou só transcrever alguns excertos retirados de textos escritos por Vikernes:

"To Breivik I can only say I hope you do kill yourself. You have killed more Norwegians than the entire Muslim population in Norway has done the last 40 years, and you claim to be a Norwegian nationalist and patriot fighting (alongside your Jewish masters) against Islam, to protect us against their crimes!?"

"Oh, and by the way; true nationalists don't kill children of their own nation, even if someone tries to brainwash them, like AUF did. They were not (yet) Marxist extremists; they were just children."
 
E a quote mais importante:
"The final solution to this problem is not to kill anyone, but to raise our children with European ideals and values, and a European world view, and make sure that Christianity dies out when our coward parent generation dies out."
Portanto, massacre? Não creio. A não ser que mude de opinião muito rapidamente, o que não me parece ser lá muito Vargiano.

Não quis com isto defender Varg Vikernes, apenas mostrar os verdadeiros factos e não nos deixarmos ser invadidos pelos mass media que escrevem de vendas nos olhos.

Varg Vikernes é, para mim, um músico intocável que redesenhou todo o cenário black metal - tanto a nível músical como a nível de imaginário. Como pessoa nunca me despertou qualquer tipo de simpatia, mas até os piores devem ser ouvidos até ao dia da sua morte para, pelo menos, não morrermos nós na ignorância.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Demissões, trocas e baldrocas

Os acontecimentos têm sido tantos e o tempo tem sido tão escasso! Muito trabalho (sim, sou um felizardo com emprego) e alguns problemas de saúde afastaram-me dos meus comentários mordazes aqui pelo blog.
Como alguns de vós deverão saber, colaboro com o programa "9idades Às6", da Rádio Ás (webrádio comunitária de Aveiro) através da minha rubrica "Quer-me Parecer Que..." e é nesse espaço que faço o resumo das semanas que têm passado. Como o tempo disponível para aqui escrever tem sido mesmo pouco, o que vou fazer é deixar-vos, praticamente na íntegra, a minha última intervenção radiofónica que decorreu no passado domingo, 07 de Julho de 2013.
É só mesmo para não acharem que isto está morto...

Quem se lembra de uma greve de professores quando temos o Rabaça Gaspar a demitir-se? Quem se lembra de uma greve geral quando temos um espectáculo circense entre Passos Coelho e Paulo Portas?

Quanto à greve geral quero só frisar algumas coisinhas… A CGTP diz que foi excepcional, a UGT é sempre mais cautelosa e o desgoverno é sempre a vítima. Na voz do ministro Marques Guedes, o governo respeita a greve, mas agradece àqueles que acederam ao seu direito ao trabalho. Mas que grande lata, oh Marques Guedes! Quer-me parecer que isto passa bem por um insulto ao quase milhão e meio de desempregados.

Por Aveiro, Ribau Esteves continua a lutar pela sua corrida à Câmara Municipal como se não houvesse amanhã – até o PPM se juntou à coligação. E parece que Élio Maia vai como independente após uma carrada de CDSs se terem demitido. Quanto a Ribau: tanta coisa com amor a Ílhavo e aos Ilhavenses, mas quer-me parecer que quando chega a hora do tacho e da ganância do poder quem quer saber da terra e dos conterrâneos? Tá boa, Ribau, até te fazem cantigas de marchas populares e tudo.

Mas o mais excitante foi mesmo a demissão, à terceira, de Vítor Gaspar. Tanto oleou que lá passou! O que há a reter da sua carta de despedida é que os credores estão primeiro e só depois as pessoas, um ministro que devia negociar mas não tinha mandado para tal e que a sua credibilidade estava minada. Calma, Gaspar, não era preciso seres tão agressivo contigo mesmo e com o parceiro Passos, és um homem coerente… Isto é, falhavas sempre as previsões – há que dar crédito a tanta coerência, a malta é que não ficou muito contente. Aqui está um exemplo de que coerência nem sempre é uma qualidade.

Eu disse que isto foi excitante? Não, não… Paulo Portas e sua birrice é que foi deveras excitante! E ainda está a ser! …Mas já repararam que digo sempre Paulo Portas em vez de apenas Portas? É que havia outro Portas, que era Miguel e eu não quero cá misturas. O certo é que, infelizmente, morreu o Portas errado – o que fazia mais falta.
Mas siga… o Paulinho das Feiras embirrou, porque não quis Maria Luís Albuquerque a substituir Gaspar. Até aí tudo bem, eu também não queria. É uma mulher incompetente e está envolvida nas swaps. O que se passou no fim-de-semana de 29 e 30 de Junho foi mais ou menos isto: Maria Luís disse não ter informação sobre as swaps mesmo depois de o seu governo ter afirmado que Teixeira dos Santos passou a dita informação (ainda que pouca, na voz deles). Ora, como já falei aqui anteriormente, o buraco das swaps dobrou em 2 anos: de 1700 milhões para 3500 milhões de euros. E agora vêm dizer que não sabiam de nada…
Então, o Paulinho demitiu-se! Mas não foi a sério! É tudo a brincar! Lembram-se daquela parvalhona que disse grotescamente que os filhos eram como socialistas? Pronto, o Paulo Portas fez igual aos filhos dela - que não são socialistas, ela é que é má mãe. Retomando: o que o Paulo quer é um lugar ao Sol, mas talvez não precisasse de tanto alarido, até porque a malta está sempre com medo da Esquerda a sério, mas o que é certo é que em poucas horas, o Paulinho fez-nos perder mais de 3000 milhões de euros!
Mas antes disso, Pedro Passos Coelho ainda fez uma declaração ao país completamente salazarista: não aceito, não quero e vai ser à minha maneira. O Paulo arreou as calcinhas e têm tido meia dúzia de encontros por dia.
Já Cavaco Silva deve estar tão empanturrado com bolo-rei que nem fala. Se bem que não estamos na época do bolo-rei, é mais regueifa e bolo de coco que se vendia ali à entrada do esporão da Praia da Barra, mas quer-me parecer que já expulsaram de lá os vendedores.
No meio disto tudo ainda temos que ir ao dicionário mudar o significado de palavras como “irrevogável” e “dissimulação”, porque o Paulo lhes deu um novo rumo.
Ora, um novo rumo é o que Portugal e a Europa precisam! O meu desejo político é que o governo grego caia primeiro que o nosso e que o Alexis Tsipras consiga dar uma vitória esmagadora ao Syriza e ao Povo Grego. E depois, mostrar aos neoliberais com artéria fascizóide como se faz! Porque, meus caros, isto é mesmo assim: ou vai ou racha! A Democracia nasceu na Grécia, é possível que também lá morra. Mas antes de morrer há uma palavra a dizer e essa palavra pertence àqueles que estão do lado do Povo e não aos que estão do lado da finança sem escrúpulos que quanto mais enriquece mais os pobres são miseráveis. Por isso, não vamos morrer já! Nem queremos morrer! Queremos vencer e vamos vencer! Uni-vos! ¡A las barricadas!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Arrumadores de Carros

Qualquer parque de estacionamento de média ou grande área em Aveiro está repleta de arrumadores. (E não estou a falar dos parques subterrâneos... Esses, por cá, estão às moscas. Mas querem fazer mais quatro e concessioná-los a 60 anos.) O que fazer com os arrumadores? São outcasts da sociedade, são toxicodependentes, são sem-abrigo. A sério, digam-me o que fazer com eles? É mais fácil nem pensar nisso, não é? Já para não falar na polícia... É que já nem para passar multas servem (pelo menos, cá temos os fiscais da MoveAveiro).

Quando estaciono o carro num desses parques já sei que tenho de preparar uns 30 cêntimos e dizer que só tenho mesmo isso. Sim, é verdade, estou a contribuir para a continuação do flagelo, mas o que fazer? Por 30 cêntimos, estou sujeito a levar com uma seringa no pescoço, uma navalhada na barriga ou quando voltar ter um vidro a menos no carro. Tenho sorte, porque me cruzo sempre com arrumadores educados que até me desejam um bom dia. O de hoje não tinha duas cabeças dos dedos.
Em sítios como este parece que estamos em plena Londres. Parques de estacionamento são uma miscelânea de culturas: caucasianos, latinos, negros, romenos (alguns com os filhos pela mão, o que torna a coisa ainda mais extrema).

Passado uns 50 metros aparece-me uma mulher a pedir uma moeda e eu respondo: "Pá, acabei de dar os últimos trocos ao teu colega ali atrás." Mas ao mesmo tempo penso: "Colega?" Mas isto é algum tipo de trabalho para se ter colegas de profissão? Os gajos ganham mais do que eu ao dia e não descontam uma migalha.

Quando voltei ao carro, chega-se o primeiro a pedir mais uma moeda, ao qual respondi: "Ainda agora te dei, carago!" O homem, simpático, disse: "Oh, tem razão... Sabe, isto é tanta gente." "Na boa.", disse-lhe eu, mas na minha cabeça ecoou: "É só cavalo nesse cabeção, pá."

Os aveirenses de certo se lembram da guerrilha que tomou a zona da Loja do Cidadão como palco. Basicamente, os romenos apoderaram-se do sítio e andavam armados com paus. Ou davas 1€ no mínimo ou o teu carro deixava de estar completo. E se dissesses que só tinhas notas (numa de escapar com simpatia), ainda te respondiam: "Nós damos troco de 1€."
Acabaram por colocar parquímetros na zona (e mesmo assim, os romenos lá se manteram durante mais uns tempos - agora não sei) e a polícia respondeu que não pode ter lá um agente todo o dia. Mas eu podia ficar com um lábio à banda ou com um risco sem arte no carro.

A pergunta mantém-se. O que fazer com isto? Será que eles querem ajuda? Será que lhes sabe bem ganhar dinheiro fácil através do medo das pessoas e terem todos os dias a sua dose de cavalo? Como é que se faz um reset à sociedade sem segregação ou actos desumanos? Como é que se constrói uma sociedade igual e justa?

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Pipocas? Não, agora são camisolas.

Anda tudo histérico com mais um bitaite lançado no programa "Prós & Contras", da RTP1. Se há programa de televisão que merece respeito é este, mas se há programa óptimo para lançar sound-bytes também é este.

Lembram-se do Miguel Gonçalves? Um basofe de primeira que vende sonhos e ganha a vida à custa do desespero das pessoas; tem carisma, tem sotaque e tem ideias como vender pipocas num centro comercial para o aluno pagar propinas. Foi lançado pelo "Prós & Contras" e agora temos que o aturar.

O mais recente chama-se Martim, de 16 anos. Mandou fazer meia dúzia de camisolas (que, segundo me dizem, não valem uma pissa) e conhece miúdas giras. Parece que em apenas um ano montou uma empresa com negócio. E tornou-se um hype porquê? Porque respondeu a Raquel Varela que é melhor ganhar o ordenado mínimo do que estar no desemprego e recebeu uma ovação.
Como me disse um amigo de infância enquanto discutíamos esta matéria: "ele diz a verdade, não tem é razão." Que bela frase que o meu amigo Pedro encontrou para descrever uma resposta viral dada em plena televisão pública.

Depois disso, o petiz conquistou as redes sociais com a sua coragem. O que me irrita, para além do actual conceito de empreendedorismo e falta de experiência de vida de um miúdo, é mesmo as pessoas que freneticamente partilham nas redes sociais o momento em que Raquel Varela teve uma fraqueza e o pequeno Martim se sai com uma resposta que nem sabe como fez. Mandando números para o ar, arrisco a dizer que 90% das pessoas que partilharam e comentaram esse sound-byte não viram (ou não vêem) o "Prós & Contras", porque àquela hora há Internet, um filme, um jogo de computador, um café, uma novela ou um Big Brother de famosos encalhados. Um dos poderes do sound-byte é mesmo este: fazer curvar os ignorantes.

Claro que é bom haver miúdos com ideias, mas nem todos temos de ser empreendedores. E essa palavra já está a atacar a pré-escola! O neoliberalismo e o novo conceito de empreendedorismo diz-nos que nascemos todos iguais, que as oportunidades estão aí e se não as agarras, a culpa é tua é só tua. Que conceito mais distorcido e individualista! A realidade é precisamente o contrário: nascemos todos diferentes e, por isso, temos de criar mecanismos que nos tornem iguais.

Tiveram ambos tiradas populistas, o Martim e a Raquel. O Martim pelo que já se sabe e a Raquel porque se lembrou dos meninos da China ou do Bangladesh. Todos temos culpa no cartório - eu calço Nike. Mas há uma coisa que os diferencia: a maturidade. O Martim rejubila-se, porque é melhor receber o ordenado mínimo do que estar desempregado, mas a Raquel sabe que esse salário (que na realidade é de cerca de 430€) não suporta famílias. Nem todos vimos da linha de Cascais e nem todos conhecemos miúdas giras como o Martim. Nem todos temos ideias brilhantes todos os dias, nem que seja ir vender pipocas no centro comercial.

Contudo, tenho que concordar com a Raquel quando diz que o trabalhador não deve nada a ninguém. É verdade, eu não devo porra nenhuma a caralho nenhum! Felizmente tenho emprego, felizmente não ganho o ordenado mínimo, mas cada vez mais fico com menos, porque me sobem o IRS ou porque há mais uma sobretaxa qualquer.

No fim, a ideia com que fico é que, apesar de termos posto nas ruas perto de 1,5 milhões de pessoas no 2 de Março, ainda há uma grande proporção de gentinha que, nesses dias, fica no sofá ou vai à praia e se alimenta de estiradas populistas como estas. Não querem saber de política, não querem ser politizados (muito menos partidários), não querem mexer o cú para exigir Democracia... Mas partilhar e comentar tresloucadamente um puto de 16 anos já é activismo. É? Não.

Se aparecer uma versão mais nova do Miguel Gonçalves, não digam que não avisei. Depois aturem-no.

domingo, 12 de maio de 2013

Cinco Câmaras Partidas - A História através da óptica de Emad Burnat

Emad é um palestiniano que vive em Bil'in. É casado com a bonita Soraya, também palestiniana que cresceu no Brasil. Juntos têm quatros filhos e pelo nascimento de Gibreel (o mais novo), Emad adquire uma câmara de filmar para imortalizar essa época das suas vidas.
Emad acaba por eternizar também a luta dos habitantes de Bil'in contra o roubo das suas terras por parte de Israel. Entre as dezenas que se manifestavam constantemente encontravam-se activistas estrangeiros e, para além de Emad que estava sempre a filmar, destacavam-se dois homens: Adeeb era a força, era aquele que gritava as palavras de ordem, encabeçava todas as manifestações, dava o corpo às balas e ao gás lacrimogéneo lançado pelo exército israelita; Bassem (mais conhecido por Phil) era a alma, era aquele que se manifestava pela paz e considerava todos iguais, era adorado pelas crianças (incluindo Gibreel). Bassem foi morto, a tiro, numa das manifestações. Assassinado direi até. Emad captou tudo. Adeeb foi, mais tarde, preso, assim como os irmãos de Emad já o tinham sido antes.

Durante os cerca de cinco anos que Emad filmou, rebentaram-lhe cinco câmaras e duas delas salvaram-lhe a vida.

Israel fez de tudo para travar a avalanche de Bil'in (que já estava também a chegar a Ni'lin): levantaram cercas, criaram caminhos entre muros como se se tratasse de uma terra de ninguém, levaram crianças do colo das suas mães e mataram.
Bil'in nunca desistiu e após cinco anos, os tribunais declararam ilegal aquilo que os settlers israelitas estavam a fazer. Destruíram as cercas de arame, devolveram parte das terras aos seus donos palestinianos, mas não se livraram de um enorme muro de betão num local mais periférico da vila.

Nada mais nada menos do que as mesmas ferramentas utilizadas pelo nazismo para oprimir e segregar. Estamos em pleno Séc. XXI.
Fomos habituados pela comunicação social de que os EUA e Israel são os freedom fighters e tudo o que vem da Palestina é terrorismo. "5 Broken Cameras", de Emad Burnat, mostra a selvajaria israelita perante um povo oprimido que apenas quer viver.

Orgulho-me de mim próprio por ter encabeçado a manifestação de 2 de Março, orgulho-me por me ver a mim e ao meu nome nas acções do movimento Que se Lixe a Troika, orgulho-me por ter uma voz no partido ao qual sou filiado. Orgulho-me por tentar fazer de Portugal e da Europa um país e um continente melhores.

Mas depois de ver homens como Emad, Adeeb ou Bassem "Phil"... Penso: "o que eu faço é para meninos."


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Coincidências matreiras - BES, BCP, CGD e mercados financeiros

Portugal colocou, no mercado financeiro, cerca de 3000 milhões de euros da dívida a 10 anos com um taxa de juro de 5,669%. "Um sucesso!", gritam eles embevecidos por mais um missão cumprida de ajuda à banca privada e aos investidores estrangeiros que ninguém conhece, mas que, muito provavelmente, têm inside tradings com inúmeros bancos e são stockholders de muitos mais.

Agora vejamos: nestes últimos dias, com diferença de poucas horas, o BES declara um prejuízo de 62 milhões de euros e um layoff de 200 trabalhadores, o BCP declara um prejuízo de 152 milhões de euros e o banco estatal CGD também está em prejuízo (36,4 milhões) - isto tudo no primeiro trimestre de 2013.

No mesmo dia, ou em pouquíssimas horas posteriores, em que tudo isto é declarado, o Governo emite, no mercado, os tais 3000 milhões de euros em títulos de dívida. Eu não sou investigador, mas não é preciso ser-se muito inteligente para perceber a "coincidência".

Espero que estejam recordados de que quando o Estado recapitalizou o BPI e o Banif, esses dois bancos privados pegaram em parte desse dinheiro - que é teu e meu -, investiram na dívida pública e sobreviveram. Um inside trading legal, direi? Comprar público com aquilo que já é público.
Desta vez não será muito diferente, só que os intermediários da recapitalização bancária serão os mercados financeiros e os seus investidores estrangeiros.

E para quem ainda não percebeu o que é ir aos mercados, eu explico de uma forma muito muito simples.
O Zé deve 500€ ao Tó, mas não tem como pagar essa dívida. Então, vai pedir ajuda ao Quim e este diz-lhe: "Eu pago esses 500€ por ti, mas tens de me dar mais 200€ como garantia." Conclusão: o Tó vê os seus 500€ de volta, mas o Zé ficou com uma dívida ainda maior (700€). O Zé é Portugal.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril sempre?

Obviamente!

Abril acabou com um regime ditatorial, abriu portas a uma nova Constituição, fundou a Democracia em Portugal. Mas tudo foi perfeito? Não.

Acabou a Guerra Colonial, mas a independência dos territórios ultramarinos foi um processo terrivelmente mal executado. Originou-se a pluralidade política e partidária, mas 20, 30, 40 movimentos e partidos não eram necessários. Deu-se a terra a quem a trabalha, mas de forma leviana. Estivemos às portas de uma guerra civil - o que já se começa a descredibilizar nos nossos dias. Acabou a perseguição política, mas não pararam as rivalidades violentas. Receberam-se os Portugueses de África que, ironicamente, não eram recebidos como tal. E por aí fora. Um alvoroço.

Foi um processo longo e com lacunas, mas nada é perfeito.
Abril deu-nos Liberdade e Democracia. Deu-nos um Estado Social com um Serviço Nacional de Saúde e Educação para todas e todos. Deu-nos eleições livres.
O processo revolucionário já acabou há muito, mas o processo democrático ainda vai no adro. Democracia não se faz de um dia para o outro. Trinta e nove anos passados e a Democracia não é perfeita, nem para lá caminha. Não há evolução democrática, nem podemos dizer que estamos estagnados. Creio que estamos até em retrocesso.
Democracia não é só votar. A Democracia de um ladrão de latas de atum não é a mesma de um ladrão de colarinho branco. A Democracia do filho com pai fabril ou agricultor não é a mesma de um filho com pai milionário e administrador de grandes negócios. A Democracia de um desempregado ou de um empregado precário não é a mesma de um bancário que recupera o seu banco com dinheiro público.

E é aqui, através destas últimas frases, que quero chegar. Não vivi o Estado Novo, não vivi a Revolução dos Cravos, não vivi o COPCON e o PREC, não vivi o 25 de Novembro, não vivi as primeiras eleições livres. Essa não é a minha Geração. E não posso estar preso ao passado que não vivi. Respeito e sinto orgulho na Revolução - não a esqueço -, mas temos em mãos uma nova luta.
A minha Geração vê-se sem emprego ou se o tem é precário. A minha Geração tem de abdicar da Universidade, porque não consegue pagar todos os custos que daí advêm. A minha Geração vê-se obrigada a emigrar. A Geração que é um pouco nada anterior à minha passa fome, é despejada das suas casas e suicida-se. A Geração que veio depois da minha vai para a escola primária sem um copo de leite no estômago.
A nossa Geração vê-se obrigada a pagar PPPs, vê-se obrigada a recapitalizar bancos privados, vê-se a ficar sem bens públicos como Educação, Saúde e Água através de um ataque de políticas liberais e capitalistas sem precedentes.

Esta é a nossa luta. Os 15 de Outubro, os 15 de Setembro, os 2 de Março. Dizer NÃO aos fracos governos que tivemos. Dizer NÃO à troika. Dizer NÃO à Merkel. Dizer NÃO ao caminho que a União Europeia está a trilhar. Dizer NÃO à fome, à miséria e à desigualdade.

Há alternativas, elas estão aí - procura-as e mesmo que não as encontres, elas irão ter contigo. Basta abraçar a reacção em vez da conformação. Quero dizer SIM à continuação da construção da Democracia.

Não vivi Abril e a minha Geração é outra, mas que a bandeira da Revolução esvoace sobre as nossas cabeças quando saímos à rua para reivindicar a Democracia.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Merkel e o IV Reich

Para começar e sem mais demoras: a Merkel é uma puta, filha de trinta outras putas.

Há uns dias atrás, a excelentíssima chanceler alemã disse que para o bem do crescimento europeu iria haver vítimas. Depois disse que o salário mínimo é uma das causas da nossa situação. Hoje, os jornais estão cheios com a sua nova afirmação: os países da Zona Euro devem estar preparados para perder a soberania em certos aspectos políticos.

Estamos a caminhar para um federalismo com visões reichianas. Mais uma vez, a Alemanha está na vanguarda da separação europeia naquilo que eles acham ser a união. Na década de 30 do Séc. XX foi através de discursos populistas e nacionalistas, raiva contra os ditos Traidores de Novembro, antissemitismo pelo meio para culpar alguém já que não se podiam culpar a eles próprios e, por fim, armas. III Reich e destruição massiva de um continente que continua a não aprender com os erros do passado.

Agora talvez não precisemos de armas - talvez - e se precisarmos deverá levar mais tempo a pegar nelas do que no século passado. Não é teoria da conspiração, é a minha opinião: estamos a caminhar para o IV Reich e nem damos por isso. Desaires bancários que são recapitalizados através de dinheiro público, discursos populistas neoliberais, visão federalista que repugno, acções políticas que mais não fazem senão dividir os Povos entre poderosos e miseráveis, ameaças troikianas.

Pensamos sempre que estamos mais evoluídos do que há 50, 200, 500 anos e que todo o mal que aconteceu não se repetirá. Pois o passado recente e o presente mostra-nos o contrário. A espiral da destruição nunca foi nem será encerrada.

Preparem-se. Estamos a reviver a primeira metade do Séc. XX.
Tempos extraordinários requerem medidas extraordinárias.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Inconformação 2013 @ Porto - "É preciso é sermos empreendedores?", com José Soeiro (sociólogo, CES) e Adriano Campos (sociólogo, UP)

Os dois últimos painéis do Inconformação 2013, realizado na sede do BE-Porto, foram "É preciso é sermos empreendedores?", com José Soeiro (sociólogo, CES) e Adriano Campos (sociólogo, UP), e "O FMI manda aqui?", com Mariana Mortágua (economista).

A manhã do dia 13 de Abril deste Inconformação 2013 já tinha sido preenchida por Francisco Louçã e "A História da Esquerda e dos Movimentos Sociais". A tarde começou com dois novos painéis de debate, onde marquei presença na conferência de Pedro Pinto, "Pornografia e Feminismos".

Apesar de querer saber de que forma o FMI manda ou não aqui, fiquei curioso por saber qual é a ideia de empreendedorismo vinda de dois jovens sociólogos, por isso, fiquei-me pelo pavilhão para ouvir José Soeiro e Adriano Campos.

Está claro que a palavra «empreendedorismo» não é bem vista pela Esquerda ou, pelo menos, não é bem vista da forma como o liberalismo a está a impôr. O liberalismo e o capitalismo foram, ao longo dos anos, impondo à sociedade que as oportunidades estão aí e se não as agarramos a culpa é nossa e só nossa. A realidade mostra o quão mentira é este caminhar neoliberal. Temos mesmo de ser todos empreendedores? Temos mesmo de ter todos uma empresa em casa? A resposta é obviamente não. Simplesmente, não é possível devido às adversidades da nossa Era. E nem queremos tal coisa, pois este rumo empreendedor levar-nos-á a uma sociedade em que de um lado estão os oportunistas e os poderosos financeiramente e do outro, em maior escala, estarão os falhados, os incapazes. A realidade é essa, quem não agarra as oportunidades, quem não faz nada por si e com sucesso é falhado e incapaz - é o que nos querem incutir.

O conceito de empreendedorismo está assustadoramente a entranhar-se nas escolas, não apenas nas universidades, mas no básico e no secundário - a verdade foi-nos levada, nessa tarde, precisamente por um estudante do ensino secundário. Foi aí que me surgiu a ideia de «sociedade zombie» que tantas vezes já foi retratada no cinema e na música noutras situações, como por exemplo, ausência de expressões faciais ou sentimentos e vício em anti-depressivos nas camadas mais jovens. Aqui, e através de uma intervenção minha no debate, quis apresentar o sério risco de, se estas políticas não forem derrotadas, termos dentro de alguns anos uma «sociedade zombie» à custa do dito empreendedorismo.

Por fim, se, para José Soeiro, empreender também pode ser organizar grandes manifestações como a de 2 de Março ou organizar iniciativas como o Inconformação 2013, Adriano Campos defende que a palavra empreendedorismo, e todas as suas variantes, deviam ser varridas do mapa.

(Link sobre o evento: aqui.)

Inconformação 2013 @ Porto - "Pornografia e Feminismos", com Pedro Pinto (investigador, UM)

Como já referi no post anterior, realizou-se, entre os dias 12 e 14 de Abril, a iniciativa Inconformação 2013, na sede do BE-Porto. A manhã do dia 13 foi preenchida por Francisco Louçã e a "História da Esquerda e dos Movimentos Sociais".

A parte da tarde teria como início dois painéis: "Pornografia e Feminismos", com Pedro Pinto (investigador, Universidade do Minho), e "A ameaça digital: Internet, risco e desigualdades", com Nuno Moniz (eng. informático) e Fernando Pedro (eng. informático). Como devem calcular não tive que fazer grande esforço mental para decidir a que painel iria assistir.

Sempre com um toque de filosofia, sociologia e psicologia, Pedro Pinto abordou, essencialmente, a posição das diferentes correntes feministas em relação à indústria pornográfica - de um lado os grupo conservadores e anti-pornografia, do outro os grupos anti-censura e anti-anti-porno (sim, foi este o termo usado). Quanto às correntes anti-pornografia, Catherine McKinnon e Andrea Dworkin foram as mais visadas como motivo de crítica, pois segundo os seus textos e estudos mostram-se ultra-conservadoras, ultrapassadas e colocam a mulher na pornografia como um objecto mal tratado por, como exemplo, pénis gigantes. Irónico é que até as suas leis anti-pornografia se viraram contra elas próprias em diversas situações. As correntes feministas anti-censura do País Basco foram trazidas à baila, passo a expressão, por um dos presentes e Pedro Pinto, conhecedor dos vários movimentos, mostrou-se até empenhado em querer trazer essas mulheres ao nosso país.

A questão das violações não foi esquecida e tais grupos de censura defendem que a principal causa de crimes sexuais provém da pornografia. A realidade mostra o contrário, pois é em países onde a indústria pornográfica é ilegal ou menos disseminada que mais violações e/ou, consequentes, homicídios acontecem. Por outro lado, nunca foi descurado ou esquecido que há crime dentro da indústria pornográfica, nomeadamente tráfico humano.

O debate, na sua fase final, ficou marcado, principalmente, pela discussão sobre Educação Sexual: por que é que Portugal não tem formação sexual nas escolas, qual é o conteúdo da Educação Sexual para além do sexo em si (DSTs, corpo, etc.), o fracasso da pouca formação existente que não sai da colocação do preservativo ou do consumo de pílula, o risco de os jovens não descobrirem por si próprios a sexualidade devido à formação sexual imposta pelas escolas.

Deixo ainda um documento elaborado por Pedro Pinto, Maria da Conceição Nogueira e João Manuel de Oliveira que foi editado numa revista brasileira com o título "Debates Feministas Sobre Pornografia Heteronormativa: Estéticas e Ideologias da Sexualização".

(o resumo sobre o último painel de debate, no dia 13 de Abril, do Inconformação 2013 será lançado de seguida)
(Link sobre o evento: aqui.) 

Inconformação 2013 @ Porto - História da Esquerda e dos Movimentos Sociais, com Francisco Louçã

Realizou-se entre os dias 12 e 14 de Abril a iniciativa Inconformação 2013, desta vez na Sede do BE-Porto. Fui até lá no sábado, dia 13, dia esse repleto de conferências bastante interessantes e ricas em debate - pensava eu, e pensei bem.

Pela manhã, recebemos Francisco Louçã para falar da "História da Esquerda e dos Movimentos Sociais". No conteúdo da primeira parte não faltou, como é óbvio, Marx e Hengels, bem como uma passagem por todas as quatro Internacionais. A Revolução Bolchevique, bem como a Longa Caminhada Chinesa, foram dois dos grandes marcos da História que mostraram ao mundo da época que o Socialismo iria proliferar com mais ânimo e relevância fora da Alemanha, ao contrário do que era esperado ou querido. Na realidade, o Socialismo, em terras germânicas, visionado por Marx ou Hengels foi dizimado com a implementação do III Reich.

Noutro momento - agora de partilha -, Francisco Louçã fez questão de revelar alguns episódios da sua vida sobre encontros com revolucionários latino-americanos, incluindo o brasileiro Luís Carlos Prestes.

Como não podia deixar de ser, o Bloco faz parte da História da Esquerda e os tempos iniciais de construção do partido/movimento foram relembrados.

Quanto aos Movimentos Sociais - a conversa já estava a caminhar até aí - ficou o aviso de que é nestes momentos de pressão que, muitas vezes, a dispersão vence a união. Isto é, num momento em que todos nos devíamos juntar num só e lutar contra o adversário comum, é possível que apareçam nichos aqui e ali - o que, diga-se, não é nada bom para derrotar a troika. Exemplo vivo disso é a quantidade de partidos de Esquerda que surgiram após o 25 de Abril. Ficou ainda implícito, mais uma vez, que Bloco de Esquerda não é uma coligação entre PSR, UDP e Política XXI, mas sim um partido.

Chegada a altura do debate, os temas não foram originais, mas sempre bem recebidos para conversa e partilha de visões. Comentou-se a luta pelo Socialismo, a factura que o BE está a pagar por não ter ido falar com a troika há 2 anos ou o hipotético cenário de um Portugal fora da moeda Euro - frisando-se sempre que o Bloco é um Partido Europeísta de Esquerda que se quer manter na Zona Euro (ao contrário do que os populistas de direita querem fazer crer a todo um Povo).

(os restantes painéis de discussão que tiveram lugar no Inconformação 2013 serão resumidos noutros posts que deverão surgir de seguida)
(Link sobre o evento: aqui.) 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Margaret Thatcher, o ferro também enferruja

"Quem foi Margaret Thatcher?" é a pergunta que mais ouvi durante este dia 08 de Abril de 2013.

Em breves tópicos, explico, na minha óptica, quem foi Margaret Thatcher.

- Primeira-Ministra do Reino Unido entre 1979-1990.
- Implementou políticas liberais que já tinham sido descartadas por outros governos europeus, pois consideravam anti-democráticos tais princípios - mesmo assim, estamos nos dias de hoje brutalmente enterrados em políticas liberais e capitalistas.
- Levantou a economia britânica através do «custe o que custar» e custou: discrepâncias sociais, desemprego, greves, manifestações - basicamente o mesmo que por cá se passa.
- Privatizou Saúde e Educação, derrubou o Estado Social.
- Aboliu o Salário Mínimo Nacional.
- Dizimou os Sindicatos.
- Em 1982, entrou em guerra com a Argentina (que, diga-se, de lá também nada de bom podia vir, visto tratar-se de uma Ditadura Militar). Uma disputa pelas Falklands que já vinha desde o final do Séc. XVII. A Argentina reclamava a legitimidade do território, após o Império Britânico se ter apoderado do arquipélago no Séc. XIX.
- Guerra essa que serviu para o interesse económico do RU - mais uma vez, o «custe o que custar». Crianças, que hoje terão entre os 35-45 anos, viram-se sem pai ou irmão numa guerra que durou dois meses.
- Ironicamente, Thatcher criticava, ao mesmo tempo, a invasão do Afeganistão pela URSS.
- Em 1981, enfrentou os racial riots de Brixton, também conhecido por "Bloody Saturday". Brixton era, na altura, uma zona londrina onde habitavam negros que se viam constantemente perseguidos e lutavam pela dignidade de ter um emprego. Mesmo assim, Thatcher afirmou que racismo e desemprego não era motivo para insubordinação.
- Não aprendeu nada com o, infelizmente, famoso "Bloody Sunday" ou "Bogside Massacre", em 1972, e continuou a feroz guerra contra os Irlandeses do Norte (não quero aqui tirar a parte de culpa do IRA).
- Ainda em 1981 enfrentou o "Irish Hunger Strike" nas cadeias onde estavam encarcerados membros do IRA e do INLA. Dez prisioneiros morreram à fome. O objectivo era serem considerados presos políticos.
- Nada fez para resolver a situação dos grupos Guildford Four ou Maguire Seven, que foram usados como bode expiatório. Onze pessoas estiveram injustamente presas por crimes que não cometeram e as entidades competentes sabiam-no.
- A estocada final seria o famoso "Community Charge", popularmente conhecido por "Poll Tax", em que, basicamente, os mais pobres pagariam mais impostos do que os ricos - onde é que eu já vi isto?
- Após grandes manifestações contra o diabólico "Poll Tax", Margaret Thatcher demite-se em 1990.

(Este texto é da minha autoria e não contém cópias exactas de qualquer texto encontrado na Internet.)

domingo, 7 de abril de 2013

Libinal

Libinal, uma palavra que não existe
Inventada através de uma aglutinação orgásmica
A líbido que insiste e persiste
A divinal sensação nada marástica

Libinal, uma palavra dissoluta
Criada através de um espasmo cerebral
Em êxtase por uma sede corrupta
Por um toque devasso e carnal

Libinal, uma palavra lasciva
Pensada para misturar lubrificações
Untando a língua suave, mas nociva
Que te deixa perdida em prevaricações

Libinal, uma palavra libertina
Que castiga e faz gemer, gritar
Que tira o controlo e a alma desatina
Para um último suspiro se soltar

Libinal
de líbido
e divinal
Libinal
de fluídos
e corrimentos
Libinal
de contrações
e contorções
Libinal
de tesão
e poder
Libinal
de descontrolo
e violência
Libinal
de concentração
e respeito
Libinal.
de nudez
e desvergonha
Libinal
de sexo
e amor
Libinal
de chegadas
e partidas
Libinal
de vida
e morte.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Quando...

Quando a terra treme, danças

Quando o mar sobe, flutuas

Quando o vento sopra, balanças

Quando o céu cai, encolhes-te

Quando o fogo queima, gritas

Quando ouves vozes, foges

Quando fechas os olhos, não és daqui

Quando há estrada, corres

Quando sorris, choras

Quando apareço, morres

domingo, 24 de março de 2013

A recompensa de Dr. Jekyll

"Cheira a gás.", disse-me ele.
"A sério? A mim cheira a rosas.", respondi eu.

"Mas se concentrar melhor o olfacto, sinto um toque de podridão.", continuou ele.
"Realmente, se eu me concentrar melhor, surge-me uma leve onda de folhas de laranjeira."

"Não, não... Deve passar-se algo estranho contigo, porque o que estou a sentir não é nada disso. Nem me estou a sentir nada bem.", disse ele a sufocar.
"Contigo é que não se deve passar nada de bom... Estás a envelhecer. Olha só o teu pescoço! Está a implodir, as tuas unhas estão a cair e as tuas orelhas estão a apodrecer!"

"Vê-te espelho!", gritou-me ele. "As rugas da tua testa desapareceram e as madeixas brancas do teu cabelo estão outra vez negras! Olha só para mim! Não mereço eu rejuvenescer em tua vez? O que me está a acontecer?"
"Acho que estás a definhar, meu caro.", retorqui cheio de calma. "Sinto-me bem... Não... Muito bem, até! Não sei o que fazer para te ajudar, nem sinto grande vontade para tal."

"Ajuda-me!"
"Não."

"Por favor! Dá-me água. Tira-me daqui!"
"Não."

"Amaldiçoado sejas! Tu e a tua sorte!
"Pois que seja, não me metes medo, muito menos nesse estado deplorável. E o teu azar ficará para trás. Aqui, para sempre, quando sair e a porta se fechar."

Saí e vivi.
Lá atrás, trancado e a apodrecer, ficou o meu azar e a minha consciência que luta entre fazer bem e fazer mal.

Não mais fui julgado, nem mais justificações tive que dar.
Agora sou só um.

E se o mal farei, pois que prossiga, já não me inquieta. Se o bem farei, pois que a glória me invada.

sábado, 23 de março de 2013

O fenómeno pseudo-suicida e pseudo-depressivo

O fenómeno não deve ser de agora, apesar de estar por cá em grande força, e felizmente não ataca todas as redes sociais como acontece no Tumblr - ou, pelo menos, posso falar naquelas em que estou inserido (que são só duas (ou três, se contarmos com o blogspot como rede social)).

O fenómeno de que vos quero falar é constituído por um grupo medonhamente grande de pseudo-suicidas, melodramáticos adolescentes pseudo-deprimidos, megalómanos da mentira. Por outras palavras, bem mais comum e fácil de entender: attention whores.

Ao que me parece, o Facebook não está atulhado desta gente e se os há não estão certamente na minha lista de amigos e conhecidos. Por outro lado, o Tumblr está contaminado, até porque as imagens são mais acessíveis do que palavras e esta rede social trata precisamente de imagens.

Onde eu quero chegar é que eu sei perfeitamente o que é estar deprimido, eu sei o que é ter ataques de pânico e ansiedade que me levam a níveis psicossomáticos. Por isso, eu sei que partilhar imagens numa rede social não é depressão, é necessidade de atenção - que, ao fim e ao cabo, às tantas também é uma doença da psíque.

Uma pessoa deprimida só tem duas hipóteses: pede ajuda a quem confia e recorre à medicina ou enclausura-se e deprime até definhar, mas não passa horas a partilhar imagens no Tumblr para mostrar que está deprimida. Uma pessoa suicida talvez não tenha duas, mas apenas uma hipótese: suicídio. Mata-se e acabou, de certo não passará dias ou semanas a partilhar imagens no Tumblr para dizer que está em modo suicida. No melhor dos casos, mostra a este/a ou àquele/a amigo/a que está a trilhar um caminho tenebroso e, mesmo assim, nem sempre há salvação - isto no mundo real e não no mundo pseudo dos suicidas das redes sociais.

Isto tudo para dizer que cada vez mais as gerações jovens estão em declínio. Também fui adolescente - e não sou assim tão velho -, também passei por aquela fase torturante em que pensamos que o mundo está todo contra nós, também tive desamores, também escrevi poemas melancólicos de má qualidade. Mas nunca fui estúpido.

Se é verdade que a depressão e consumo de ansiolíticos está a crescer como nunca antes visto pelas razões que todos conhecemos (crise económica, pressão laboral, pressão estudantil, etc...), também é verdade que a necessidade de atenção e a estupidez são posturas na sociedade que sobem de forma astronómica.

E podemos culpar quem? A Internet? A sociedade em geral? Os pais? Talvez os pais, sim.

Talvez eu não seja estúpido pela boa educação que tive.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Incompetência é o novo atestado de confiança

Vítor Gaspar é a personificação da incompetência promovida a atestado de confiança. E se for preciso explicar porquê, basta olhar para as previsões erradas - umas atrás das outras. Contudo, é uma confiança aparentemente inabalável, porque quem promove o seu estatuto de ministro é igualmente incompetente, mentiroso e cego pela sua ideologia - penso que já chegaram lá: Pedro Passos Coelho.

Vítor Gaspar - e consequentemente Portugal - é o bobo da corte Europeia. Passos Coelho é o seu protector. Por sua vez, Merkel é a supra-protectora de todos nós. Que bonito, não é?

E nós?

Nós somos "o melhor Povo do mundo". Só que o melhor Povo do mundo já não aguenta!

Já não aguentamos a austeridade que nos é imposta para saldar uma dívida que não é tua, nem minha. Já não aguentamos ouvir dizer que a Saúde e a Educação estão em risco enquanto milhares de milhões são injectados na banca privada para os salvar. Já não aguentamos saber que todos os dias fecha uma empresa em Portugal, porque a mão-de-obra é mais barata na Tunísia ou na China. Já não suportamos chegar a cada fim do mês e ter que pagar mais com menos. Já não é suportável ver idosos a mendigar. Já não aguentamos ver os nossos jovens a sair do país, porque a própria Pátria não faz nada por eles. Nem queremos ouvir que ficar desempregado é uma oportunidade de vida.

É preciso um radicalismo de sensatez, um radicalismo social.
Porque já não aguentamos mais.
Já não aguentamos!

A incompetência não pode ser um atestado de confiança em Portugal. A incompetência tem de ser punida através do derrube desta corja corrupta, assassina e ultra-liberal que mete os bancos à frente das vidas.

E fiquem cientes de que quem vos fala aqui deste lado não é um manifestante de Internet e sofá.


Não te cales. Fala em casa, no trabalho, no café. Faz-te à rua. Defende o que é teu. Nosso!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Grândola foi até Lisboa

Hoje ouviu-se a "Grândola, Vila Morena" na Assembleia da República.

Um acto simbólico de subversão que pode muito bem funcionar como senha para o dia 2 de Março. Uma interrupção agradável, como disse Passos Coelho, que marca a posição do movimento "Que se lixe a troika - queremos as nossas vidas!".

A senha foi lançada na Casa da Democracia. Eles sabem que estão cada vez mais apertados. Eles sabem que também tremem. Eles vão tremer até cair. E quem os meterá de lá para fora seremos nós!

O mote está mais do que lançado!

- Taxa de desemprego sempre a subir
- Economia recua
- Carga brutal de impostos que nos baixa o salário
- Corte nas pensões daqueles que trabalharam uma vida inteira
- A banca privada continua a ser recapitalizada com o nosso dinheiro

São razões mais do que suficientes para te subverteres e tornares-te num agente de mudança!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

E a burrice continua em prol de uma oligarquia rosa-laranja

Não sou dado a sondagens políticas - tirando as que são feitas à boca das urnas durante o dia das eleições -, mas tenho que deixar o meu comentário quanto ao estudo da SIC/Expresso revelado no dia 8 de Fevereiro.

A burrice continua...
Ora rosa, ora laranja, ora rosa, ora laranja, e por aí fora num ciclo que aparenta ser infinito.

Nessa sondagem, surge o PS em primeiro lugar na intenção de voto com 27% e o PSD em segundo com 21,9%. Tudo normal - um infeliz normal. O PCP passa a terceira força política e o BE continua em quinto, presumindo que ainda esteja a pagar a factura da última campanha e consequente eleição. A única coisa que, realmente, me parece plausível é a descida vertiginosa do CDS-PP para quarto lugar.

No entanto, esta é uma sondagem executada num momento em que a procissão ainda mal saiu do adro, a não ser que o governo caia nos próximos tempos - assim o espero - e tenhamos que adiantar a localização dessa procissão para territórios mais avançados.

Por mais que eu não acene positivamente a estes estudos de estatística, uma vez que hoje está Sol e amanhã está chuva, isto representa muito bem a oligarquia bipartidária que temos desde as primeiras eleições legislativas livres após a Revolução de Abril. E digo oligarquia, porque tanto rosas como laranjas são uma só família, mesmo que bipartidária - são, portanto, um conluio.

O que infelizmente me chega muitas vezes aos ouvidos é o facto da existência de descrença noutras cores políticas, porque, ao que me transmitem, essas outras cores não têm capacidade de governação ou, noutra perspectiva, iriam fazer o mesmo. É impossível afirmar tal coisa, pura e simplesmente, porque nunca lhes foi dada oportunidade.

Está na altura de nos deixarmos de comodismos, Soarismos, Cavaquismos e Sá-Carneirismos! Está na altura de abrir os olhos e os ouvidos, e fazer um esforço para perceber o outro lado da barricada.

É que numa coisa estou certo: já deu para perceber (mais do que uma vez!) que rodar entre PS e PSD (com o CDS-PP sempre a reboque) não nos leva a lado nenhum! Já se deram demasiadas oportunidades a governos incompetentes manchados de rosa e laranja com algumas tiras azuis. Não querem dar hipótese àqueles que nunca governaram, mas têm o desplante de continuar a dar mais uma oportunidade às políticas que se mostram invariavelmente ruinosas?

No vosso lugar tinha vergonha...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Frank Alves, o herói antes do seu próprio tempo

Há dias atrás escrevi aqui um texto intitulado "Franquelim Alves, o novo protegido do governo" e hoje volto a escrever sobre o Frank - desta vez não só como protegido, mas também como herói e um homem antes do seu tempo.

Afinal, os heróis do caso BPN não são os deputados que exigiram ouvir os protagonistas, nem são os contribuintes que agora pagam o buraco de 4 mil milhões de euros que pode chegar aos 7 mil milhões.

O herói é, nada mais nada menos, Franquelim Alves! Segundo o Ministro da Economia - mais conhecido por Álvaro - é por homens como Frank Alves que as fraudes do BPN começaram a ser desmascaradas. Será mesmo isso ou será que afinal ele sabia das coisas, mas não as relatou? Pelo menos é isso que ele deu a entender aquando da sua audição na comissão de inquérito da AR. O Álvaro até disse que foi o próprio Franquelim que escreveu uma carta ao Banco de Portugal a denunciar incongruências - ao que se sabe a sua assinatura não consta nessa carta.

A parte heróica de Frank está desmitificada. Agora vem a parte em que ele é um homem antes do seu próprio tempo.

Franquelim Alves nasceu em 1954 e, em 1970, aos 16 anos já era auditor e consultor da Ernst & Young, uma das empresas do Big Four da consultoria mundial. Só há um problema... Essa empresa foi fundada em 1989! Qual Robert Zemeckis qual quê! Franquelim Alves - Frank no seu cenário Hollywoodesco - é o verdadeiro Michael J. Fox.

Por tudo isso, não se admirem que aconteça o tal linchamento público e político. É que, ao fim e ao cabo, nem se trata de linchamento, mas exposição de factos. O próprio governo é que se pôs mesmo a jeito... Agora vão buscar as canas que os foguetes já estão a ser lançados por nós.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ainda Fernando Ulrich...

Fernando Ulrich disse, no passado dia 1 de Fevereiro, que estamos em melhores condições agora, a meio do programa, do que quando a troika chegou. «Estamos», isto é, eles - a banca. Porque o «estamos» em relação a nós, aqui deste lado, não se aplica a tal afirmação.

O banco ao qual este mimado preside apresentava prejuízos astronómicos antes da chega da troika. Há dias atrás apresentaram lucros igualmente astronómicos - 249 milhões de euros. Portugal regressa aos mercados, a banca dá lucros, nomeia-se um ex-administrador do BPN para Secretário de Estado do Empreendorismo... Está tudo bem, não é? Ou será que...?

Antes de a troika chegar a Portugal estávamos com o desemprego oficial nos 12,1%. Pela lógica de Ulrich, hoje há menos desempregados. Será mesmo assim, senhor Ulrich? Não, não é. O nosso desemprego está nos 16,5%.

Mas se calhar são uma cambada de malandros que deviam era estar a trabalhar de borla em grandes empresas como o BPI, não é? Só falta dizer que é à custa dos miseráveis que o nosso PIB está nos -3,4% ao invés dos -0,7% antes da chegada da troika.

Mas estamos em melhores condições, pois não é verdade?
Desculpem ser tão pessimista, mas não estamos nada melhor. Estamos pior, caralho!

E ainda há quem tenha coragem de dizer que o problema também foi fumentado por nós. Nós que vivemos acima das possibilidades, dizem eles. Nós, humildes contribuintes para o enriquecimento da banca que triunfa dia após dia e nos torna cada vez mais sem-abrigo. Sem-abrigo do nosso próprio País. Amen.