Portugal colocou, no mercado financeiro, cerca de 3000 milhões de euros da dívida a 10 anos com um taxa de juro de 5,669%. "Um sucesso!", gritam eles embevecidos por mais um missão cumprida de ajuda à banca privada e aos investidores estrangeiros que ninguém conhece, mas que, muito provavelmente, têm inside tradings com inúmeros bancos e são stockholders de muitos mais.
Agora vejamos: nestes últimos dias, com diferença de poucas horas, o BES declara um prejuízo de 62 milhões de euros e um layoff de 200 trabalhadores, o BCP declara um prejuízo de 152 milhões de euros e o banco estatal CGD também está em prejuízo (36,4 milhões) - isto tudo no primeiro trimestre de 2013.
No mesmo dia, ou em pouquíssimas horas posteriores, em que tudo isto é declarado, o Governo emite, no mercado, os tais 3000 milhões de euros em títulos de dívida. Eu não sou investigador, mas não é preciso ser-se muito inteligente para perceber a "coincidência".
Espero que estejam recordados de que quando o Estado recapitalizou o BPI e o Banif, esses dois bancos privados pegaram em parte desse dinheiro - que é teu e meu -, investiram na dívida pública e sobreviveram. Um inside trading legal, direi? Comprar público com aquilo que já é público.
Desta vez não será muito diferente, só que os intermediários da recapitalização bancária serão os mercados financeiros e os seus investidores estrangeiros.
E para quem ainda não percebeu o que é ir aos mercados, eu explico de uma forma muito muito simples.
O Zé deve 500€ ao Tó, mas não tem como pagar essa dívida. Então, vai pedir ajuda ao Quim e este diz-lhe: "Eu pago esses 500€ por ti, mas tens de me dar mais 200€ como garantia." Conclusão: o Tó vê os seus 500€ de volta, mas o Zé ficou com uma dívida ainda maior (700€). O Zé é Portugal.
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