sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Grândola foi até Lisboa

Hoje ouviu-se a "Grândola, Vila Morena" na Assembleia da República.

Um acto simbólico de subversão que pode muito bem funcionar como senha para o dia 2 de Março. Uma interrupção agradável, como disse Passos Coelho, que marca a posição do movimento "Que se lixe a troika - queremos as nossas vidas!".

A senha foi lançada na Casa da Democracia. Eles sabem que estão cada vez mais apertados. Eles sabem que também tremem. Eles vão tremer até cair. E quem os meterá de lá para fora seremos nós!

O mote está mais do que lançado!

- Taxa de desemprego sempre a subir
- Economia recua
- Carga brutal de impostos que nos baixa o salário
- Corte nas pensões daqueles que trabalharam uma vida inteira
- A banca privada continua a ser recapitalizada com o nosso dinheiro

São razões mais do que suficientes para te subverteres e tornares-te num agente de mudança!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

E a burrice continua em prol de uma oligarquia rosa-laranja

Não sou dado a sondagens políticas - tirando as que são feitas à boca das urnas durante o dia das eleições -, mas tenho que deixar o meu comentário quanto ao estudo da SIC/Expresso revelado no dia 8 de Fevereiro.

A burrice continua...
Ora rosa, ora laranja, ora rosa, ora laranja, e por aí fora num ciclo que aparenta ser infinito.

Nessa sondagem, surge o PS em primeiro lugar na intenção de voto com 27% e o PSD em segundo com 21,9%. Tudo normal - um infeliz normal. O PCP passa a terceira força política e o BE continua em quinto, presumindo que ainda esteja a pagar a factura da última campanha e consequente eleição. A única coisa que, realmente, me parece plausível é a descida vertiginosa do CDS-PP para quarto lugar.

No entanto, esta é uma sondagem executada num momento em que a procissão ainda mal saiu do adro, a não ser que o governo caia nos próximos tempos - assim o espero - e tenhamos que adiantar a localização dessa procissão para territórios mais avançados.

Por mais que eu não acene positivamente a estes estudos de estatística, uma vez que hoje está Sol e amanhã está chuva, isto representa muito bem a oligarquia bipartidária que temos desde as primeiras eleições legislativas livres após a Revolução de Abril. E digo oligarquia, porque tanto rosas como laranjas são uma só família, mesmo que bipartidária - são, portanto, um conluio.

O que infelizmente me chega muitas vezes aos ouvidos é o facto da existência de descrença noutras cores políticas, porque, ao que me transmitem, essas outras cores não têm capacidade de governação ou, noutra perspectiva, iriam fazer o mesmo. É impossível afirmar tal coisa, pura e simplesmente, porque nunca lhes foi dada oportunidade.

Está na altura de nos deixarmos de comodismos, Soarismos, Cavaquismos e Sá-Carneirismos! Está na altura de abrir os olhos e os ouvidos, e fazer um esforço para perceber o outro lado da barricada.

É que numa coisa estou certo: já deu para perceber (mais do que uma vez!) que rodar entre PS e PSD (com o CDS-PP sempre a reboque) não nos leva a lado nenhum! Já se deram demasiadas oportunidades a governos incompetentes manchados de rosa e laranja com algumas tiras azuis. Não querem dar hipótese àqueles que nunca governaram, mas têm o desplante de continuar a dar mais uma oportunidade às políticas que se mostram invariavelmente ruinosas?

No vosso lugar tinha vergonha...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Frank Alves, o herói antes do seu próprio tempo

Há dias atrás escrevi aqui um texto intitulado "Franquelim Alves, o novo protegido do governo" e hoje volto a escrever sobre o Frank - desta vez não só como protegido, mas também como herói e um homem antes do seu tempo.

Afinal, os heróis do caso BPN não são os deputados que exigiram ouvir os protagonistas, nem são os contribuintes que agora pagam o buraco de 4 mil milhões de euros que pode chegar aos 7 mil milhões.

O herói é, nada mais nada menos, Franquelim Alves! Segundo o Ministro da Economia - mais conhecido por Álvaro - é por homens como Frank Alves que as fraudes do BPN começaram a ser desmascaradas. Será mesmo isso ou será que afinal ele sabia das coisas, mas não as relatou? Pelo menos é isso que ele deu a entender aquando da sua audição na comissão de inquérito da AR. O Álvaro até disse que foi o próprio Franquelim que escreveu uma carta ao Banco de Portugal a denunciar incongruências - ao que se sabe a sua assinatura não consta nessa carta.

A parte heróica de Frank está desmitificada. Agora vem a parte em que ele é um homem antes do seu próprio tempo.

Franquelim Alves nasceu em 1954 e, em 1970, aos 16 anos já era auditor e consultor da Ernst & Young, uma das empresas do Big Four da consultoria mundial. Só há um problema... Essa empresa foi fundada em 1989! Qual Robert Zemeckis qual quê! Franquelim Alves - Frank no seu cenário Hollywoodesco - é o verdadeiro Michael J. Fox.

Por tudo isso, não se admirem que aconteça o tal linchamento público e político. É que, ao fim e ao cabo, nem se trata de linchamento, mas exposição de factos. O próprio governo é que se pôs mesmo a jeito... Agora vão buscar as canas que os foguetes já estão a ser lançados por nós.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ainda Fernando Ulrich...

Fernando Ulrich disse, no passado dia 1 de Fevereiro, que estamos em melhores condições agora, a meio do programa, do que quando a troika chegou. «Estamos», isto é, eles - a banca. Porque o «estamos» em relação a nós, aqui deste lado, não se aplica a tal afirmação.

O banco ao qual este mimado preside apresentava prejuízos astronómicos antes da chega da troika. Há dias atrás apresentaram lucros igualmente astronómicos - 249 milhões de euros. Portugal regressa aos mercados, a banca dá lucros, nomeia-se um ex-administrador do BPN para Secretário de Estado do Empreendorismo... Está tudo bem, não é? Ou será que...?

Antes de a troika chegar a Portugal estávamos com o desemprego oficial nos 12,1%. Pela lógica de Ulrich, hoje há menos desempregados. Será mesmo assim, senhor Ulrich? Não, não é. O nosso desemprego está nos 16,5%.

Mas se calhar são uma cambada de malandros que deviam era estar a trabalhar de borla em grandes empresas como o BPI, não é? Só falta dizer que é à custa dos miseráveis que o nosso PIB está nos -3,4% ao invés dos -0,7% antes da chegada da troika.

Mas estamos em melhores condições, pois não é verdade?
Desculpem ser tão pessimista, mas não estamos nada melhor. Estamos pior, caralho!

E ainda há quem tenha coragem de dizer que o problema também foi fumentado por nós. Nós que vivemos acima das possibilidades, dizem eles. Nós, humildes contribuintes para o enriquecimento da banca que triunfa dia após dia e nos torna cada vez mais sem-abrigo. Sem-abrigo do nosso próprio País. Amen.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Franquelim Alves, o novo protegido do governo

Cada tiro, cada melro... Um tiro no pé... Tiro no escuro... Tantas expressões do género que podia utilizar para personificar mais uma jogada deste governo desgovernado. Falo da nomeação de Franquelim Alves para Secretário de Estado do Empreendorismo, pasta tutelada pelo Álvaro, ministro da Economia.

Já não bastava Miguel Relvas ter passado o ano no Brasil com Dias Loureiro e o advogado Arnaut, vem agora o Álvaro nomear para o seu ministério mais um homem da estirpe de Dias Loureiro ou Oliveira e Costa. Pedro Passos Coelho nada diz e Cavaco Silva nada faz. CDS-PP mostra-se incomodado, mas a público também nada vem. Tudo entre amigos.

Franquelim Alves foi um dos administradores do SLN-BPN na era Abdool Vakil. O novo Secretário de Estado pode não ter sido directamente incriminado em todas as falcatruas do BPN, mas sabia delas - limitou-se a escondê-las, nomeadamente, do Banco de Portugal.

Não são homens destes que precisamos num governo, seja ele qual for. Um homem que, sob pressões ou não - tanto me faz -, escondeu da justiça fraudes bancárias que hoje abrem um buraco enorme nas contas públicas e quem está a tapar esse buraco sou eu e tu com impostos altíssimos.

E a isto segue-se a sede de poder do CDS-PP e explico porquê. Foi o próprio Nuno Melo, actual vice-presidente desse partido, que requereu a audição a Franquelim Alves na comissão que investigou o caso. E agora, neste momento crucial, um dos partidos do governo nada faz? Não reage em força? Se calhar, porque Paulo Portas é mesmo o número três desta coligação e não vale a pena ser ouvido.

Amanhã já ninguém se lembra disto. É pena! E é pena, porque são homens como Franquelim Alves que contribuem para o enriquecimento da banca enquanto Portugal já passa fome.

Tudo entre amigos.