sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Queda de Um Anjo?

Acordei com a sensação de que estava a dormir profundamente há mais de duas horas - e é verdade, penso ter adormecido à uma da manhã e o relógio marcava três.

Uma barulheira demoníaca na rua.

Não foi preciso ligar o candeeiro para discernir que o meu gato estava aos meus pés virado para a janela com as persianas baixadas, mas que deixavam entrar ténues fios de luar. Liguei o candeeiro. O animal estava inquieto e assustado, em posição de ataque: dorso curvado, rabo no ar, patas dianteiras esticadas com as garras a cravarem o cobertor e várias bufadelas expelidas pela boca dominada por pequenos, mas letais dentes.

"O que é bicho?"
O barulho apocalíptico continuava na rua.

Levantei-me, subi as persianas e abri a janela. Estava uma noite quente. Os cães, tanto os vadios como os dos vizinhos, ladravam freneticamente e corriam em círculos com uivos ao céu à mistura. Os gatos tinham o mesmo comportamento do meu. Os pássaros, que normalmente só voavam de dia, rodopiavam pela noite entre árvores e casas.

Incrivelmente, era o único à janela.

Do céu longínquo, dominado esta noite pela Lua e pelas Estrelas, vi uma bola de fogo - "Um meteorito? Um cometa?" Os meus olhos estavam fascinados a olhar para aquela ameaça destruidora. Aproximava-se! Muito rapidamente. E segundos depois passou à frente dos meus olhos em direcção ao solo. "Afinal não era tão grande como parecia.", pensei.

Uma cratera do tamanho de uma roda de bicicleta de adulto e fumo.

Dessa cratera vi duas mãos a agarrarem as suas fronteiras: uma era branca e limpa, a outra era negra e carbonizada. De lá, acabou por surgir um "homem", um "ser"... uma coisa! Metade do seu corpo irradiava luz, cabelos louros, uma túnica de ouro tapava as partes sexuais e uma asa branca, a outra metade estava completamente queimada, negra, membros em forma de garras.

Já com o corpo erecto, aquela coisa - metade anjo, metade demónio - fixou o seu olhar no meu e não conseguir desviar-me.

Através da minha visão captei uma mistura de luz intensa dominada por trevas. Como se entrasse na minha mente.

Acordei vinte anos depois vestido de branco, numa sala com paredes de almofada.