Emad é um palestiniano que vive em Bil'in. É casado com a bonita Soraya, também palestiniana que cresceu no Brasil. Juntos têm quatros filhos e pelo nascimento de Gibreel (o mais novo), Emad adquire uma câmara de filmar para imortalizar essa época das suas vidas.
Emad acaba por eternizar também a luta dos habitantes de Bil'in contra o roubo das suas terras por parte de Israel. Entre as dezenas que se manifestavam constantemente encontravam-se activistas estrangeiros e, para além de Emad que estava sempre a filmar, destacavam-se dois homens: Adeeb era a força, era aquele que gritava as palavras de ordem, encabeçava todas as manifestações, dava o corpo às balas e ao gás lacrimogéneo lançado pelo exército israelita; Bassem (mais conhecido por Phil) era a alma, era aquele que se manifestava pela paz e considerava todos iguais, era adorado pelas crianças (incluindo Gibreel). Bassem foi morto, a tiro, numa das manifestações. Assassinado direi até. Emad captou tudo. Adeeb foi, mais tarde, preso, assim como os irmãos de Emad já o tinham sido antes.
Durante os cerca de cinco anos que Emad filmou, rebentaram-lhe cinco câmaras e duas delas salvaram-lhe a vida.
Israel fez de tudo para travar a avalanche de Bil'in (que já estava também a chegar a Ni'lin): levantaram cercas, criaram caminhos entre muros como se se tratasse de uma terra de ninguém, levaram crianças do colo das suas mães e mataram.
Bil'in nunca desistiu e após cinco anos, os tribunais declararam ilegal aquilo que os settlers israelitas estavam a fazer. Destruíram as cercas de arame, devolveram parte das terras aos seus donos palestinianos, mas não se livraram de um enorme muro de betão num local mais periférico da vila.
Nada mais nada menos do que as mesmas ferramentas utilizadas pelo nazismo para oprimir e segregar. Estamos em pleno Séc. XXI.
Fomos habituados pela comunicação social de que os EUA e Israel são os freedom fighters e tudo o que vem da Palestina é terrorismo. "5 Broken Cameras", de Emad Burnat, mostra a selvajaria israelita perante um povo oprimido que apenas quer viver.
Orgulho-me de mim próprio por ter encabeçado a manifestação de 2 de Março, orgulho-me por me ver a mim e ao meu nome nas acções do movimento Que se Lixe a Troika, orgulho-me por ter uma voz no partido ao qual sou filiado. Orgulho-me por tentar fazer de Portugal e da Europa um país e um continente melhores.
Mas depois de ver homens como Emad, Adeeb ou Bassem "Phil"... Penso: "o que eu faço é para meninos."
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