segunda-feira, 15 de abril de 2013

Inconformação 2013 @ Porto - "É preciso é sermos empreendedores?", com José Soeiro (sociólogo, CES) e Adriano Campos (sociólogo, UP)

Os dois últimos painéis do Inconformação 2013, realizado na sede do BE-Porto, foram "É preciso é sermos empreendedores?", com José Soeiro (sociólogo, CES) e Adriano Campos (sociólogo, UP), e "O FMI manda aqui?", com Mariana Mortágua (economista).

A manhã do dia 13 de Abril deste Inconformação 2013 já tinha sido preenchida por Francisco Louçã e "A História da Esquerda e dos Movimentos Sociais". A tarde começou com dois novos painéis de debate, onde marquei presença na conferência de Pedro Pinto, "Pornografia e Feminismos".

Apesar de querer saber de que forma o FMI manda ou não aqui, fiquei curioso por saber qual é a ideia de empreendedorismo vinda de dois jovens sociólogos, por isso, fiquei-me pelo pavilhão para ouvir José Soeiro e Adriano Campos.

Está claro que a palavra «empreendedorismo» não é bem vista pela Esquerda ou, pelo menos, não é bem vista da forma como o liberalismo a está a impôr. O liberalismo e o capitalismo foram, ao longo dos anos, impondo à sociedade que as oportunidades estão aí e se não as agarramos a culpa é nossa e só nossa. A realidade mostra o quão mentira é este caminhar neoliberal. Temos mesmo de ser todos empreendedores? Temos mesmo de ter todos uma empresa em casa? A resposta é obviamente não. Simplesmente, não é possível devido às adversidades da nossa Era. E nem queremos tal coisa, pois este rumo empreendedor levar-nos-á a uma sociedade em que de um lado estão os oportunistas e os poderosos financeiramente e do outro, em maior escala, estarão os falhados, os incapazes. A realidade é essa, quem não agarra as oportunidades, quem não faz nada por si e com sucesso é falhado e incapaz - é o que nos querem incutir.

O conceito de empreendedorismo está assustadoramente a entranhar-se nas escolas, não apenas nas universidades, mas no básico e no secundário - a verdade foi-nos levada, nessa tarde, precisamente por um estudante do ensino secundário. Foi aí que me surgiu a ideia de «sociedade zombie» que tantas vezes já foi retratada no cinema e na música noutras situações, como por exemplo, ausência de expressões faciais ou sentimentos e vício em anti-depressivos nas camadas mais jovens. Aqui, e através de uma intervenção minha no debate, quis apresentar o sério risco de, se estas políticas não forem derrotadas, termos dentro de alguns anos uma «sociedade zombie» à custa do dito empreendedorismo.

Por fim, se, para José Soeiro, empreender também pode ser organizar grandes manifestações como a de 2 de Março ou organizar iniciativas como o Inconformação 2013, Adriano Campos defende que a palavra empreendedorismo, e todas as suas variantes, deviam ser varridas do mapa.

(Link sobre o evento: aqui.)

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