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A Personagem Oculta
Ele tantas vezes pediu que lhe acontecesse na vida o que acontece nos livros que escreve que, logo por azar, as próprias palavras bateram-lhe à porta quando decidiu escrever sobre uma personagem triste e trágica. Ele sabia que devia parar, mas as mãos não respondiam mais aos pedidos da mente, nem o carvão do lápis acabava, nem a borracha apagava as linhas preenchidas no seu caderno. Estava condenado aos caprichos dos seus antigos desejos.
Não havia outra hipótese senão a de continuar a viver a vida amaldiçoada do seu personagem. Esse ser imaginário apoderou-se tanto da alma do escritor que já não havia retorno possível. Até os demónios que assombravam essa infame personagem dormiam ao lado do agastado inventor de romances. Os seus olhos já não viam as mesmas cores e a pele já não aguentava o requinte das luzes da manhã.
Ele sabia que só havia um final possível se conseguisse um último esforço de vontade própria: oferecer a morte ao seu amigo oculto e morrer com ele nas últimas linhas do seu derradeiro livro.
Pelo minúsculo texto, devias de estar a fumar um cigarro. :P Gostei muito desta tua beata.
ResponderEliminarBeijinho
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarah o anonimo sou eu awiiiiiiiiiiiiiiii
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