sexta-feira, 8 de junho de 2012

Derreto a paixão depois de tudo ser refutado
Entrego-me à razão de um suspiro fustigado
Castro a imponência desse olhar inigualável
Que corrói o manto grosso dum sentimento inesgotável

Lanceto o último degrau que está tão perto
Arranco a cavilha que mantém este aperto
Rasgo com os dentes a saliva do beijo que me cega
E estupro a alma em decadência que segura esta refega

Depois da pureza incerta e alucinante
Lavo-me na água salitrada que torna a pele suplicante
Depois da respiração alternada com gemido
Lanço-me a um rio de brasas onde o que sinto é punido

Encerro em mim o velório do presente passado
Numa marcha lenta em honra de um corpo desolado
Adornos monumentais compõem a velhinha carreta
E aconchegando a miséria nua baila uma mortalha violeta

1 comentário:

  1. "Depois da respiração alternada com gemido
    Lanço-me a um rio de brasas onde o que sinto é punido"

    só devia haver gemidos quando o que se sente nao é punido

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