Quando: Sexta-feira, 04h 32m
Onde: à porta de casa
Tinha acabado de sair de um táxi qualquer conduzido por um daqueles taxistas que fala muito e nunca percebe quando um gajo está todo bêbado e mal se atreve a falar. Mas eles falam e falam e falam e tu só moves a cabeça e dizes algumas palavras enroladas. O taxímetro marcava 9,70€. Ergui as ancas quando ainda estava sentado para conseguir tirar a carteira do bolso de trás das calças. Tinha uma nota de 10€ e uns trocos em moedas. Dei a nota ao taxista, mas pedi para que não me desse o troco imediatamente uma vez que tinha as tais moeditas, assim dar-lhe-ia 20 cêntimos e ele iria dar-me troco redondo de 50 cêntimos. Foi muito complicado enxergar os tamanhos e pequenos números das moedas castanhas de 5, 2 e 1 cêntimos, mas não desisti.
Andei cerca de 3 minutos até chegar à porta de casa. Geralmente, quando volto num táxi, peço para me deixar na rotunda da Estrada Nacional. Sempre são uns cêntimos que poupo para uma cerveja ao outro dia e faz-me bem apanhar ar enquanto caminho durante esses cerca de 3 minutos - mais coisa, menos coisa... para o caso é igual ser carne ou peixe.
Respiro profundamente e estico a coluna. Meto a mão ao bolso à procura das chaves. Encontro um papel. Um número de telemóvel. "E agora? Será da loira ou da morena?"
Ouvi umas vozes a ecoar na rua, cada vez mais perto. Eram dois homens. Ainda não lhes conseguia ver a cara. Eram o dobro de mim, isso era certo! Neste momento já estavam mesmo perto de mim.
Quis responder, mas o estômago já não deixava. Tentei apressar-me a sacar das chaves. Não adiantou ter medo. Numa fracção de segundos senti uma mão tocar-me entre a nuca e o pescoço e através da visão alcoolicamente turva vi a porta da minha casa ficar cada vez mais perto dos meus olhos.
(Ainda) Não estava completamente inconsciente.
Despejaram-me na mala de um carro que tinha acabado de ser ligado.
Onde: à porta de casa
Tinha acabado de sair de um táxi qualquer conduzido por um daqueles taxistas que fala muito e nunca percebe quando um gajo está todo bêbado e mal se atreve a falar. Mas eles falam e falam e falam e tu só moves a cabeça e dizes algumas palavras enroladas. O taxímetro marcava 9,70€. Ergui as ancas quando ainda estava sentado para conseguir tirar a carteira do bolso de trás das calças. Tinha uma nota de 10€ e uns trocos em moedas. Dei a nota ao taxista, mas pedi para que não me desse o troco imediatamente uma vez que tinha as tais moeditas, assim dar-lhe-ia 20 cêntimos e ele iria dar-me troco redondo de 50 cêntimos. Foi muito complicado enxergar os tamanhos e pequenos números das moedas castanhas de 5, 2 e 1 cêntimos, mas não desisti.
Saí.
Andei cerca de 3 minutos até chegar à porta de casa. Geralmente, quando volto num táxi, peço para me deixar na rotunda da Estrada Nacional. Sempre são uns cêntimos que poupo para uma cerveja ao outro dia e faz-me bem apanhar ar enquanto caminho durante esses cerca de 3 minutos - mais coisa, menos coisa... para o caso é igual ser carne ou peixe.
Estou à frente da minha casa.
Respiro profundamente e estico a coluna. Meto a mão ao bolso à procura das chaves. Encontro um papel. Um número de telemóvel. "E agora? Será da loira ou da morena?"
Ouvi umas vozes a ecoar na rua, cada vez mais perto. Eram dois homens. Ainda não lhes conseguia ver a cara. Eram o dobro de mim, isso era certo! Neste momento já estavam mesmo perto de mim.
"Então, amigo? Está complicado?"
E riram-se.
E riram-se.
Quis responder, mas o estômago já não deixava. Tentei apressar-me a sacar das chaves. Não adiantou ter medo. Numa fracção de segundos senti uma mão tocar-me entre a nuca e o pescoço e através da visão alcoolicamente turva vi a porta da minha casa ficar cada vez mais perto dos meus olhos.
Caí.
Fui atado.
E puxado.
Fui atado.
E puxado.
(Ainda) Não estava completamente inconsciente.
Despejaram-me na mala de um carro que tinha acabado de ser ligado.
Mal eu sabia que naquela noite/manhã me iria apaixonar.
Na mala de um carro.
Na mala de um carro.